No final dos anos 1990, o Racing Club, uma das equipes mais emblemáticas do futebol argentino, enfrentou um de seus períodos mais turbulentos. A situação crítica começou a se desenhar em 4 de março de 1999, quando Liliana Ripoll anunciou a falência do clube, abalando toda a comunidade esportiva.
Com uma dívida de cerca de 66.500.000 pesos, o Racing via seu futuro comprometido. Tentativas de acordo malsucedidas pelo presidente da época, Daniel Lalín, deixaram os torcedores ainda mais desesperados, com a impossibilidade de competir no Torneio Clausura daquele ano pairando como uma ameaça iminente.
No entanto, em 7 de março de 1999, o estádio El Cilindro se transformou em palco de um movimento de solidariedade sem precedentes. Mais de 30 mil torcedores do Racing se reuniram para demonstrar sua lealdade inabalável ao clube, num gesto que foi considerado uma verdadeira peregrinação, com muitos deles percorrendo o campo de joelhos.
Essas manifestações não apenas ecoaram nacionalmente, mas ganharam repercussão global. A presença do então vice-presidente argentino, Carlos Ruckauf, destacou a importância cultural que o Racing Club representava para o país. A pressão popular resultou em uma decisão favorável da Câmara de Apelações, permitindo que o Racing voltasse às competições, embora sob a condição de liquidação de seus bens.
Para reequilibrar suas finanças, o clube foi gerido pela Blanquiceleste S/A, que assumiu o desafio de saldar a dívida em um prazo de dez anos. Mesmo sem atingir totalmente seus objetivos financeiros, a empresa desempenhou um papel crucial na sobrevivência do Racing nos campos argentinos.
A administração da Blanquiceleste trouxe certo alívio temporário, mas problemas internos levaram o clube a retomar o controle. Foi somente em 2008 que a falência foi oficialmente encerrada, devolvendo a gestão aos sócios do Racing Club.
Apesar das adversidades, o Racing alcançou um feito notável ao vencer o Torneio Apertura de 2001, marcando um ponto alto em sua história. Atualmente, o clube não apenas superou suas dificuldades financeiras, mas se firmou como um dos times mais competitivos da Argentina.
O evento de 7 de março é agora celebrado como o “Día del Hincha de Racing”, em homenagem à devoção dos torcedores que se mostraram incansáveis na busca pela sobrevivência e sucesso do clube. O Racing Club é hoje um símbolo de resiliência, um exemplo inspirador de superação através do apoio incondicional de sua torcida.
